Flauta, violão de sete cordas e pandeiro. A roda chamava um choro após o outro, praticamente sem pausa. Relembravam os mestres Nazareth, Jacob e Pixinguinha. Bonito de ser ver, melhor ainda de se ouvir. Notas saltitantes, brincalhonas, fazendo um tributo à alegria daquele povo humilde. Os três músicos chamavam todos os presentes ali para momentos de alegria, regados a cerveja e amendoins torrados, entre pedidos de músicas e piadinhas rápidas. Que ambiente era aquele!
Eis que de repente, chega o Sr. Aldir, o dono do bar, e com cara de pesar e diz:
- Vocês não sabem! O Luizinho do cavaco morreu ontem. Que descanse em paz.
O choro parou.
A tristeza que ali se fez pareceu durar uma eternidade. Uma pausa que ocuparia infinitos compassos na pauta daqueles chorões.
Em uma retomada de fôlego, a flauta puxou a melodia carregada de melancolia e poesia, seguida magistralmente pelo violão de sete cordas e o pandeiro. A tristeza não desapareceu, mas pôde ser traduzida em cada nota, na forma de despedidas e agradecimentos ao velho Luiz.
E naquele dia, os que olharam para cima disseram que notas sincopadas escoltavam a alma do ás do cavaco rumo ao céu.
O povo humilde saudava seu mestre. Sem lágrimas. Apenas com choro.
domingo, agosto 12, 2007
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